Contra o presidencialismo

16 de abril de 2019

O presidencialismo é uma loteria, uma aposta arriscada, com grande probabilidade de não dar certo, como nos mostra a história recente. Com efeito, além de produzirmos em geral políticos medíocres, trata-se de uma aposta num único sujeito: o presidente. E grande é a chance de decepção. Quando eleito um presidente corrupto ou incompetente, a sociedade...
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Democracia

15 de novembro de 2018

Democracia não é só um regime de governo, mas uma cultura e um estilo de vida. Ser democrata é ser capaz de ouvir absurdos e não guardar ódio. E estar disposto a refletir sobre o que nos parece absurdo. É por em dúvida nossas certezas. E desconfiar dos que nos dizem coisas agradáveis mesmo quando...
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Normalização da crueldade

19 de janeiro de 2017

Normalizar a crueldade (a violência, o crime etc.) significa torná-la normal, naturalizá-la, não perceber a crueldade como crueldade, a violência como violência e o crime como crime. Trata-se, essencialmente, de um discurso e de uma prática do poder, de uma retórica de legitimação de atos de violência, do uso e do abuso de um tipo...
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Contra o fanatismo

11 de maio de 2016

Com mais frequência do que o contrário, o fanático é um grande altruísta: está mais interessado em você do que nele mesmo. Muitos fanáticos nem sequer têm um self, ou qualquer vida privada. Eles são 100% públicos. Uma síndrome comum é uma combinação de interminável autopiedade com uma crença ardente numa redenção instantânea, tudo de...
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Contra o presidencialismo

10 de dezembro de 2015

(…) São, pois, quatro as falácias ideológicas que estão por trás dessa concepção da representação e agora convém recapitular. A primeira é a ideia de que a vontade do representante se identifique com, ou ao menos reflete, a vontade unitária – que não existe – de seus eleitores. A segunda é a ideia de que...
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Se fôssemos um país sério

17 de julho de 2015

Se fôssemos um país sério, investigar, acusar e julgar figurões da política seria algo absolutamente normal; Se fôssemos um país sério, as próprias casas legislativas cumpririam seu papel constitucional de apurar as denúncias e julgá-las prontamente, isentamente, justamente; Se fôssemos um país sério, a política não seria um caso de polícia; Se fôssemos um país...
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Corrupção

11 de março de 2015

Corrupção não é um problema conjuntural, mas estrutural. Nem é resultado (apenas) da falta de vergonha de certos indivíduos, mas um dado cultural. Não é possível, por isso, extirpá-la, como se fosse um tumor. No máximo, cabe reduzir sua incidência e estabelecer níveis suportáveis de corrupção. Por ser um problema estrutural, a pretensão de castigar...
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Quem nos salvará do Salvador?

26 de janeiro de 2015

Não há ideia mais obscura, perigosa, controvertida e irracional do que Deus. Tudo foi e é praticado em nome de Deus: conquistar territórios, criar e extinguir estados e religiões, declarar a guerra e a paz, amar e odiar, escravizar e libertar. Desde sempre houve quem combatesse em nome de Deus. Não surpreende que grupos terroristas...
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Por que o Brasil continuará sendo um país corrupto

1 de outubro de 2014

  Porque já as eleições dos “nossos” representantes são realizadas de modo a institucionalizar o crime, pois os grupos econômicos, ao patrocinarem a eleição de presidente, governadores, prefeitos etc., assim o fazem, como é natural, sob a condição de obterem financiamentos graciosos, participarem de licitações premiadas, privatizarem o espaço público, multiplicando lucros; Porque num tal...
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Sua excelência, o candidato – discurso 3

5 de agosto de 2014

Caros eleitores:   Hoje queria dizer algo sobre o poder judiciário, o ministério público e a polícia. Comecemos pelo óbvio: ao contrário do que pretendem alguns, que querem endeusá-la, para, com isso, serem tratados como deuses, a justiça é um serviço público como qualquer outro, saúde, educação etc. Consequentemente, temos de torná-la maximamente racional, célere,...
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Sua excelência, o candidato – discurso 2

30 de julho de 2014

  Caríssimos eleitores: Permitam que diga algumas palavras sobre minha filiação ao partido. Devo reconhecer que os atuais partidos políticos são verdadeiras quadrilhas. Convenhamos: entre nós, criminosos pobres vão para as cadeiras e criminosos poderosos fazem carreira política. De minha parte, seria candidato direto, sem partido algum. Mas isso é impossível. Sabemos que o nosso...
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Sua excelência, o candidato – discurso 1

24 de julho de 2014

  Caríssimos eleitores, se é que os tenho: Sou candidato, candidato a Presidente da República, e peço o seu voto. Reconheço que minhas chances são mínimas, próximas de zero, mas o que isso importa? Não tenho recursos, não compro votos (falta-me dinheiro, inclusive), não prometo, não faço alianças com a canalha, nem quero vencer a...
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